GALENO

Cláudio Galeno


Célebre médico cirurgião romano, experimentador e autor nascido em Pérgamo, na região da Mísia, Ásia Menor, hoje parte do território turco, principal figura da medicina romana. Filho do arquiteto Nicón de Pérgamoe com família de boas condições financeiras, freqüentou primeiramente as escolas filosóficas de seu tempo, em Esmirna, havendo também sido orientado para a medicina, começou a estudar medicina aos 16 anos, primeiro em Pérgamo e depois em Esmirna, na Anatólia, Corinto, na Grécia, e Alexandria, no Egito, onde  praticou as primeiras dissecações em animais e manteve contato com eminentes pesquisadores contemporâneos. Aos 28 anos voltou a Pérgamo onde se tornou cirurgião e, depois, mudou-se para Roma (161) onde ganhou prestígio como médico após haver curado o filósofo peripatético Eudemo de Sidon, o qual havia sido desenganado por outros médicos. Tornou-se cirurgião oficial dos gladiadores, mas por motivos desconhecidos retornou a Pérgamo (166), porém foi chamado pelo imperador Marco Aurélio (121-180), para atuar como médico da família imperial em Roma (168) quando este ainda compartilhava o título de imperador (161-169) com Lúcio Vero (130-169), e também, para auxiliá-lo na guerra contra os germânicos (168). Em Roma também foi médico dos imperadores seguintes (180-211), Cômodo (161-192) e Severo (146-211), porém não se tem certeza onde morreu, se em Roma, na Sicília, ou mesmo em Pérgamo. Estudou a fundo a anatomia do corpo humano, tendo como limitação de suas conclusões o fato de que suas observações partiam de conceito teológico preconcebido. Suas investigações se desenvolveram a um tempo na prática e na especulação. Descobriu a medula espinal e a pesquisou. Determinou que há sangue nas artérias, e não somente nas veias e advertiu para a importância do pulso. Realizava sessões públicas de dissecação de animais e anatomia, especialmente de macacos africanos, pela singular semelhança com o organismo humano, assistidas por altas personalidades de alta estirpe. Considerava cada doença ligada a determinado órgão um fato em si mesmo e sustentava que a saúde do homem dependia do equilíbrio de quatro humores fundamentais: sangue, bílis, pituíta e atrabílis, como proposto por Hipócrates de Cós (460-377 a. C.). No entanto em sua obra encontram-se inúmeras imprecisões, porque descrevia a anatomia humana com base naquelas dissecações de animais, porém seus ensinamentos foram fielmente observados pelos médicos ao longo de toda a Idade Média. Suas descrições de músculos e ossos são bastante completas, porém ainda mais minuciosas e perfeitas são as observações sobre nervos, artérias e veias, que estabeleceram um marco na história da anatomia. São também notáveis as experiências de vivissecação, que lhe permitiram descrever com exatidão as coronárias, os ureteres e os nervos laríngeos e espinhais. Escreveu mais de quatrocentos livros, notadamente sobre medicina, entre eles um catálogo de toda sua obra denominado de Os meus livros,  onde ordenou seus estudos em sete grupos: anatomia, patologia, terapêutica, diagnóstico e prognóstico, comentários a Hipócrates, filosofia, gramática, a maioria dos quais foram trazidos ao conhecimento ocidental por tradutores árabes medievais. Grande parte de seus numerosos escritos conservaram-se, exceto especialmente uma parte que se perdeu por ocasião do incêndio do Templo da Paz (192). Deu grandes contribuições à anatomia e à fisiologia e foi o fundador da medicina experimental e da sistemática, e deu origem ao termo galênico. Mais conhecido como médico e cientista ocupou-se também da filosofia, mantendo uma forte coesão entre esta ciência e a medicina, inclusive seria dele a afirmativa de que o melhor médico é também filósofo. Na filosofia colocou-se numa linha aristotélica, com algum ecletismo platônico, contra o estoicismo e o epicurismo. Sua posição declaradamente monoteísta o fez simpático aos futuros cristãos e islâmicos. Em psicologia, a filosofia sobre o ser humano, defendeu a divisão tripartida da alma de Platão (427-347 a. C.), contra os estóicos, notadamente Crísipo (281-204 a. C.) e Panécio (185-100 a. C.), como se observa nos  9 livros de De Hippocratis et Platonis placitis.

Fonte: http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/ClaudiGa.html